domingo, 24 de janeiro de 2010

Encontro do viajante

Enquanto a chuva caia
E o céu, com nuvens, escurecia
O viajante da vida repousava
Numa cripta sombria
E em meio à lagrimas
Entorpecia-se com o odor
Exalado por seu pobre coração
Cansado de lutas, derrotas e decepções...
E acomodado com tal situação
Perdia lentamente a crença em si mesmo
E ao conhecer novas pessoas
Não esboçava surpresa
Por não haver melhoras aparentes...
Idas e vindas sem paradeiro
Sem respostas, sem curas, sem alegrias...
Mas, tal imprevisível é a chuva,
Assim é o acaso e a vida...
Quando menos se espera
Surgem anjos ocultos
Os quais o viajante não acreditava na existência
Tamanha perfeição em suas formas e feitos...
Entre tantos seres celestiais
Para o viajante apenas um importou verdadeiramente...
E em certos momentos na vida,
Aparecem determinadas oportunidades
De se fazer certas coisas,
E não podemos deixar de fazer a coisa certa...
E assim, o fez...
Diante de um anjo de pele alva,
Cabelos brilhantes e reluzentes
Como a intensa luz do sol,
Vidros que sobrepõem retinas,
Íris sedutoras como um negro diamante,
Voz serena e pacificadora...
Seu sorriso é um complemento
De toda a beleza e maestria...
Resgatou o viajante que voltou a acreditar...
Apesar de pouco tempo de surgimento
E de ter descido do céu,
Tem devolvido algo que há tempos, o viajante não tinha...
Fez uma mudança nos pensamentos...
Arrastou móveis, tirou a poeira... Arrumou e ornamentou...
E deixou o coração de um jeito que ninguém diria
Que já tivesse sido destruído por tempestades, terremotos e furações...
E assim adentrou um peito vazio e opaco
Com uma incrível capacidade de salvar...
E o anjo, mesmo sem saber,
Num quase-sem-querer,
Despertou no viajante, um grande poder
E o nosso, antes triste, nômade do amor,
Desceu do corcel, pendurou o chapéu,
Desfez as malas, retirou as botas,
E teve o coração voltando a bater.


DINHO BRITO

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Em meio a viagem

A integridade de um efeito dominó
Dá-se baseada na ignorância de um ser humano;
Se deixa envolver pela capacidade despersa
Onde, olhos enganam toda a massa cefálica,
Resultando em paralisia constante de pensamentos;
Falta de cultura é contagiosa,
Diante a uma formação por entre ratos;
Existe uma necessidade incessante de bem estar
Mesmo que, corpos mantenham-se em um estado de inércia;
Absorver pelo poros o que a existência tem a oferecer,
Algo à se admirar por pensantes pensadores;
Esperar o aprendizado pleno em meio a tantas incertezas
É a esperança de um ser que usa 30% de sua capacidade instintiva;
Não sou daqui, nunca fui; de onde eu venho, não há esperança,
Amor é comprado, solidez é transparente
E a vida é a certeza de morrer-se em meio ao vão;
Dê o primeiro tiro quem nunca foi desumano,
Me acusem de algo que ninguém nunca tenha feito,
Pois o meu vazio ecoa por entre povos prestativos,
Minha opacidade é reluzente para quem não tapa a visão;
Infestando o meu mundo estacionado num cubículo 4x4,
E nele me perco, e nele me encontro;
Minhas idéias, meus dizeres, mesclam-se com a fumaça;
O odor que paira sobre os panos é absorvido pela epiderme,
Passa pela corrente sanguínea e chega à ponta dos dedos,
Que auxiliados por um tinteiro,
Transformam idiotices como esta, em linhas num pedaço de papel.


DINHO BRITO