quinta-feira, 3 de junho de 2010

Brincando de aprender

Tranqüilo e repousando; assim estava eu a pensar e retratar passagens e lembranças antigas que, com certeza não irão voltar, por serem apenas pensamentos e idéias que foram enterradas pelo tempo... Tempo; tempo bom foi a minha infância distante, de tantas primaveras e brincadeiras inocentes que, revelavam a minha pura existência, marcada por sonhos fantásticos e fantasias relacionadas a influência vinda das páginas de livros diversos.
Mas, de uma coisa eu tenho certeza; todos os momentos que vivi naquela época, agora, não passam de meras e ilustradas recordações.
Mesmo estando ciente disso, e feliz por ter lembranças tão expressivas, estava me sentido cada vez mais velho e ultrapassado. Ainda mais quando reparava que os filhos de meus filhos se divertiam com muito mais intensidade e facilidade do que eu, talvez por um número maior de opções mas com menos inocência se comparado a minha época.
Mas, um dia, quando menos percebi, estava ali; em frente ao meu neto que, brincava sem ter nenhuma noção de tempo ou qualquer tipo de preocupação. Dentro desse fato, notei sua pureza e o perguntei:
- Meu neto querido, como você consegue brincar sem se preocupar com nada? Você não pensa no seu futuro?... Então, ele me respondeu:
- Ainda está muito cedo pra que eu pense nisso, vovô; e atualmente, e brincar é o que eu faço de melhor; e o senhor? Porquê não sai dessa cadeira e vem brincar comigo?
- Sinto desapontá-lo mas, seu avô está muito velho e essa época pra mim já passou... Foi então que ele continuou:
- É aí que o senhor se engana! Essa que é a hora de o senhor realizar o que sempre quis e não pôde fazer na infância; afinal a velhice está na mente das pessoas e, se a sua mente não envelhece, é aí que o senhor percebe que aquela criança brincalhona que existe dentro de você, está sempre pronta pra lidar com as belezas desta vida...
Espantei-me com tanta força e presteza nas palavras daquele garoto. E conforme ele falava eu ouvia e registrava palavra por palavra de uma pessoa que, obviamente, com menos vivência do que eu, ensinava-me a refletir sobre o sentido da minha existência. A final, você nasce sem saber nada, vive aprendendo mas, nunca consegue ter o conhecimento pleno sobre todas as coisas.
Não importa a época ou o tempo que tenha esvaído-se, o mundo têm muito mais a ensinar nessa imensa escola que é a vida.


DINHO BRITO